por Paulo Coelho
G1
As pessoas leem muitas histórias de bruxas, de fadas, de paranormais, de meninos possuídos por espíritos malignos. Assistem a muitos filmes com rituais em que pentagramas, espadas, e invocações são feitas. Tudo bem, é preciso deixar que a imaginação funcione, que estas etapas sejam vividas; e quem passa por elas sem se deixar enganar, termina entrando em contato com a Tradição.
A verdadeira Tradição é isso: o mestre jamais diz ao discípulo o que deve fazer. São apenas companheiros de viagem, dividindo a mesma e difícil sensação de “estranhamento” diante das percepções que mudam sem parar, dos horizontes que se abrem, das portas que se fecham, dos rios que às vezes parecem atrapalhar o caminho — e que na verdade não devem ser atravessados, mas percorridos.
A diferença entre mestre e discípulo é apenas uma: o primeiro tem um pouco menos de medo que o segundo. Então, quando se sentam ao redor de uma mesa ou de uma fogueira para conversar, o mais experiente sugere: “por que não faz isso?”. Nunca diz: “ande por aqui, e irá chegar onde eu cheguei”, já que cada caminho é único, e cada destino é pessoal.
O verdadeiro mestre provoca no discípulo a coragem de desequilibrar seu mundo, embora também ele esteja com receio das coisas que tem encontrado, e mais receio ainda do que lhe reserva a próxima curva.
As pessoas leem muitas histórias de bruxas, de fadas, de paranormais, de meninos possuídos por espíritos malignos. Assistem a muitos filmes com rituais em que pentagramas, espadas, e invocações são feitas. Tudo bem, é preciso deixar que a imaginação funcione, que estas etapas sejam vividas; e quem passa por elas sem se deixar enganar, termina entrando em contato com a Tradição.
A verdadeira Tradição é isso: o mestre jamais diz ao discípulo o que deve fazer. São apenas companheiros de viagem, dividindo a mesma e difícil sensação de “estranhamento” diante das percepções que mudam sem parar, dos horizontes que se abrem, das portas que se fecham, dos rios que às vezes parecem atrapalhar o caminho — e que na verdade não devem ser atravessados, mas percorridos.
A diferença entre mestre e discípulo é apenas uma: o primeiro tem um pouco menos de medo que o segundo. Então, quando se sentam ao redor de uma mesa ou de uma fogueira para conversar, o mais experiente sugere: “por que não faz isso?”. Nunca diz: “ande por aqui, e irá chegar onde eu cheguei”, já que cada caminho é único, e cada destino é pessoal.
O verdadeiro mestre provoca no discípulo a coragem de desequilibrar seu mundo, embora também ele esteja com receio das coisas que tem encontrado, e mais receio ainda do que lhe reserva a próxima curva.